R: D-Lon é um rapper, moçambicano, com muita força de vontade, integrante do grupo ELEX da TRACK RECORDS, e que agora faz a sua carreira a solo mas ainda conta com o apoio e suporte dos seus colegas de grupo, Kiko & Turaz.
A quanto tempo canta Rap e quais foram as suas inspirações?
R: faço Rap desde os anos 90, a partir de 98 começo a fazer umas letras no quarto, sempre fui um bom ouvinte de música, sofri influências do meu pai que foi Dj em tempos, locutor de radio e sempre comprou boa música, para além da sua carreira de Comandante da maior companhia aérea de Moçambique (LAM) , daí que nunca faltou música em casa, pois meu pai, trazia isso de todos os países onde passou.
Com tantos estilos musicais oriundos de Moz como Dzukupanza, Marabenta, etc Pk escolheu o Rap?
R: Escolhi o Rap porque é algo que me identifica como pessoa, eu vivo o Rap todos os dias, eu vivia o que os rappers diziam em suas músicas, na zona onde eu vivia, havia quem vendesse drogas, havia guadjissas, ladrões que assaltavam os miúdos por serem pequenos e não poderem se defender, havia assaltos a mão armada, embora eu tenha crescido numa família que em Moçambique é considerada de nível médio, ou seja, nunca me faltou nada de básico, escola, alimentação,mas as ruas onde eu vivi, eram perigosas, então é por isso que o Rap me inspirou, porque aquelas cenas todas que via dia a dia, eu podia fazer delas uma letra, um Rap, uma música, por isso escolhi o RAP. E também, na altura em que comecei a reppar o Pandza não existia, e Marrabenta era só para os artistas da velha guarda.
Quando resolve ser rapper, já tinha noção que iria fazer o sucesso que faz?
R: Nunca tive noção do sucesso que ia fazer, quando comecei a repar era mesmo por brincadeira, era uma cena de ficar em casa a escrever letras e a gravar no computador com o meu brada KIKO, mas depois ouvi a radio e ouvia músicas de rappers como TRIO FAM, Zitto Doggy Style, Little Brother H, Duas Caras, Stupid Man hoje chamado por 100Paus, 3h, B.O.C., rappers que estão no game há bué de tempo, então comecei a ver que era possível chegar-se as rádios, eu e Kiko formamos um grupo chamado ELEX e começamos a gravar música nos Studios da Kandonga, com ajuda de um grupo da zona onde vivíamos, Beat Crew, razão da existência da ELEX. Gravadas e lançadas duas ou três músicas, com entrada do Turaz na ELEX em 2002, assinamos para gravadora TRACK RECORDS e a partir desse momento as coisas começaram a ser levados a sério, já começávamos a fazer shows, a fazer dinheiro, ser famosos, conhecidos por um public restrito. Até que em 2006 gravamos e lançamos o nosso primeiro vídeo clip ELEX – Vou Bazar a partir daí, nunca mais paramos até hoje.
R: Não fazem real hip hop, gostam de fazer brincadeiras, gostam de fazer hit records e não clássicos, tenho muita pena porque o hip hop esta sempre a evoluir e são poucos os rappers com verdadeiro conteúdo lírico, alguns rappers de Moz servem para fazer essas brincadeiras, alguns rappers de cá são uma necessidade, porque o rap também tem a vertente humorista, e essa vertente é necessária, mas não pode ser toda comunidade hip hop a fazer isso, e infelizmente esses miúdos que aparecem, não tem estilo próprio, querem copiar o que os outros já fizeram, o que é mau, eu tento sempre dizer aos miúdos novos que aparecem, para escolherem um estilo próprio que lhes identifique de primeira, depois disso, se quiserem demonstrar a sua versatilidade, eles podem muito bem primar por outros estilos, claro, que estejam sempre integrados no HIP HOP, porque o hip hop, é um modo de vida, mode ser, modo de estar como diz o AC, depois vem os benefícios, Dinheiro, Fama, Respeito o que os americanos dizem, Money, Power, Respect. Mas em suma, o hip hop nacional, esta de boa saúde.
R: Falta realismo, muitos repam sobre coisas que não tem ou que são incapazes de fazer, eu tenho um Honda Civic e um Honda Ballade, esses são carros que eu comprei e ando neles, e são os carros que eu digo que tenho nas músicas, quando tiver um Mercedes, vou dizer que tenho um Mercedes. Falta realismo nos rappers, rappers fazem a sua imagem através de utopia, e não pode ser. Isto não é um problema de rappers moçambicanos, em quase todo mundo é assim, hip hop é na verdade um reflexo da realidade de cada um, por isso que o rap é usado para intervenção social, porque o que o MC diz é reflexo da realidade de alguém, se existe um povo esfomeado, o MC através da sua música diz que há um povo cheio de fome percebes? That’s It.
R: O grupo ELEX está firme, eu faço parte do grupo ELEX e este ano de 2010 decidimos descansar o nome do grupo, nós gostamos de fazer RAP, gostamos de fazer Hip Hop, gostamos de fazer música, e acima de tudo, esta a nossa amizade que nos mantém unidos, no mês de Junho vamos todos entrar na escola de música, para quando não mais formos capazes de fazer RAP, fazer música instrumental, temos os nossos estudos terminados, Direito, Engenharia Informatica e Gestão, D-Lon, Turaz & Kiko respectivamente, então, se for preciso abandonar o rap, não vamos morrer de fome, porque somos formados. Eu fui o primeiro a fazer-me sentir no Mercado como um Solo artist da ELEX, mas o Turaz tem os seus projectos e ate ja esta mais avancado do que eu em termos de captacão de música.
R: Track Records nao terminou, apenas perdeu alguns dos seus artistas, TRIO FAM, 1st Class, Nelson Nhachungue, The Dream, Noemyah, praticamente todos artistas da TRACK sairam, o unico grupo que se mantem la é a ELEX, porque para nós, nunca fez diferença estar dentro ou fora da TRACK, sempre lutamos pelo nosso espaço sozinhos, nunca dependemos de ninguém.
A Nice Records é a minha “team” de artistas, que eu fiz nascer em 2010, Janeiro, dia 01. Fi-lo porque quero testar as minhas capacidades como music mogul, como instructor de artistas, tenho comigo Ajay e agora um membro que em ainda premature citar o nome, mas é um grande rapper e voces de certeza conhecem, Ajay é um rapper novo, nunca ouvido antes, vou lançar a ele e a um produtor chamado FreeZy, também nunca ouvido em MOZ. Já temos videos marcados a serem filmados, Nice Records vai atacar o Mercado com Ajay e D-Lon praticamente na mesma altura, queremos entrar no Mercado já com material para ser consumido, e estamos a lutar para isso, nosso próprio esforço, meu nigga Ajay tem demonstrado um lutador, com força de vontade, é com esse tipo de pessoas que gosto de trabalhar.
R: Por enquanto não temos nenhum artista de fora de MOZ, mas podemos abraçar a ideia, afinal isto é mais pelo Hip Hop do que outra coisa, queremos crescer e para crescer temos que ser unidos, sendo unidos abrimos mais portas para o nosso proprio beneficio. Os requisitos para entrar são muito simples, os artistas tem que ter talento e demonstrar longividade em suas carreiras, não quero lançar um artista para amanhã deixar de cantar.
R: Eu gostaria de trabalhar com muitas pessoas e muitos artistas, mas por enquanto estou muito concentrado na minha carreira a solo, não quero misturar muitas coisas, quero lançar os meus artistas e fazer a minha carreira solo se tornar firme. Depois penso nas colaborações.
Sem comentários:
Enviar um comentário